Que posso dizer do ano de 2009 senão, travessia...
Imagem do fotógrafo francês Raymond Depardon
A travessia para uma vida compartilhada, dividida, cedida, abdicada, restrita de tantas coisas. Coisas que pareciam difíceis de abandonar, mas que hoje são só lembranças de uma vida boa que se transformaram no caminho da travessia para uma vida melhor, tão cheia de novas descobertas e recompensas.
A travessia para a formação de uma nova família, cheia de responsabilidades, de planejamento, cheia de medos com relação ao futuro, porém cheia de alegrias a cada minuto passado, a cada problema resolvido, a cada decisão certa. E a cada sinal de que agora somos três.
Feita essa passagem tomo consciência de que não há mais rotas fáceis para uma fuga, e por isso, foi difícil fazer a travessia, mas fiz, e entro nesta vida com o desejo de nunca desejar fugir de nada dela, de querer enfrentar cada desafio dessa nova vida em defesa de mantê-la até onde possível for.
Ainda virão muitas travessias pela frente, como outras que fiz... mas esta, foi especial. Me sinto uma criança dando suas primeiras pedaladas sem as rodinhas de apoio e sem adultos correndo ao lado, me sinto essa criança, morrendo de medo, cambaleando no equilíbrio, consciente do tombo, pensando se pára e volta, mas o vento no rosto e a sensação de conquista não a deixam parar, ela só tem que seguir em frente, cair agora, não ofuscará em nada o brilho da corrida.
A travessia continua em 2010, continuo pedalando, tentando me equilibrar sem cair, ainda há muito o que deixar pra trás, muito apego e desapego, há muito oque aprender, em vários pedaços difíceis dessa nova jornada e em tudo isso, só há o que ganhar.
Sigo feliz e sem maiores medos, sei que ao meu lado, vem Matheus, cambaleando com seus próprios medos, porém, acreditando que este é o caminho certo e seguindo feliz comigo em busca de um guri na garupa e um vira-lata nos seguindo.
Travessia
(Fernando Teixeira de Andrade)
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares;
É o tempo da travessia.
E se não ousarmos fazê-la,
Teremos ficado...
para sempre...
À margem de nós mesmos."
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