quinta-feira, 11 de junho de 2009

Fotografia

É muito gostoso quando você, que gosta de fotografia, bate aquela foto MA-RA-VI-LHO-SA!!!

Hoje com máquina digital, aquela foto maravilhosa, perdeu bastante sua graça... Legal mesmo era a sensação de ir buscá-la na revelação e ver que: Nossa! Olha essa foto!!!, ou..., Puta merda! que foi que eu fiz borrou tudo...

Era legal também, você numa viagem, ficar observando, com olhos e coração e enquadrando na imaginação possíveis fotos bonitas e ai, se preparar todo pra bater aquela foto, uma só (afinal, você só tinha um filme de 36 poses para aquele final de semana).

Agora não, a gente quase que viaja com a câmera amarrada aos braços estendidos na nossa frente, nem se pensa pra fotografar, a cena não é mais a romântica: eu e minha máquina. Agora ela é uma de comédia daquelas de filme preto e branco acelerado:

-Olha!!! (Flash!)
-Agora vai lá você... (Flash!)
-Agora eu!!! (Flash!)
-Agora nós!!! (Flash!)
-Ahhhh também quero entrar, bate outra! (Flash!)
-Você pode bater outra... não gostei da minha cara... Ahhhh bate três logo pra garantir!!!
(FLASH!) (FLASH!) (FLASH!)

Sou só mais uma saudosista no mundo, que reclama e reclama, porém tem seu computador abarrotado de fotos que imploram pelo seu direito de irem pra um papel, uma parede, um porta-retratos... fazer oque?

Ponho a culpa, na falta de tempo e dinheiro, e principalmente na modernidade, que se justifica na facilidade, mas é na verdade, é comodidade, palavra bonitinha que esconde a envergonhada e tímida: preguiça.

Hoje apesar da trivialidade da fotografia, ainda nos resta certa graça, e muitas vantagens a compensar, podemos registrar cada momento de nossas vidas... sem gastar filmes, papéis ou $$ e perdemos também um pouco da vergonha de sair numa foto, não corremos mais o risco de estragar a foto da turma toda, afinal é só olhar e bater outra.

Outra vantagem dessa modernidade toda, é que podemos perder tardes inteiras brincando com elas, sem recortá-las ou rabiscá-las de verdade, como faziamos antigamente eu e minha irmã. Pra quem gosta de brincar com fotos, vai aí, um site super fácil, gostoso e de grátis (algumas ferramentas) para edição de fotografias:

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Uma bela família!!!

Por mais que eu goste de comida e por mais que eu goste de falar de comida, sinto uma grande tristeza ao saber que pouco sei delas. Diante da grande maioria, me sinto uma amiga ingrata, como estivesse diante de pessoas que gosto muito e convivo quase todos os dias, porém delas, sei apenas seus apelidos. Não sei seus nomes, como vivem, de onde vem, como chegaram, não conheço sua família...

É um desperdício pouco notado, cada alimento carrega com ele, muita história e beleza além de suas calorias e valor nutritivo.

E pra começar esse longo, mas divertido caminho de redenção com meus alimentos, começo com uma bela família. Alimentos que, a partir de hoje, serão vistos com outros olhos e saboreados com muito mais reconhecimento. Começo com a Família Alliaceae!!!

É, pois é, eu só os conhecia por apelido, mas são todos "priminhos", a cebola (Allium cepa), o alho (Allium sativum), a cebolinha (Allium fistulosum), o alho da china (ahhh não achei o nominho dele...), e o alho poró (Allium porrum). Que todo eram parentes, não me causou surpresa. O que me espantou foi tamanha a beleza da família em trajes elegantes, que a gente pouco vê:

"Ela entrou, deitou-se no divã e disse:

-Acho que estou ficando louca.

Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura.

-Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto.

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse:

-Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver."


A complicada arte de ver, de Rubem Alves.
(texto extraído do caderno "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Muito mais que palavras...

Ensinamento


Minha mãe achava estudo

a coisa mais fina do mundo.

Não é.

A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,

ela falou comigo:

“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.

Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.

Não me falou em amor.

Essa palavra de luxo.


(Adélia Prado)