Imaginem vcs uma jovem mãe de primeira viagem (não me imaginem por favor, eu disse uma jovem mãe), essa jovem tem lá seu lindo bebezinho, um lindo carrinho de bebê e mora num belo bairro, cheio de lojinhas, padarias, açougues, quitandas, pracinhas... um belo bairro de interior, que delícia, dá pra fazer tudo a pé, pensa ela.
E então, numa bela manhã de solzinho quente, ela resolve ir as compras com seu bebê em seu lindo carrinho de passeio, ambos sorridentes, para tudo e para todos. Ainda sem sair de seu prédio, descobre que tem que sair pela garagem, na entrada não há rampa, tudo bem, dá-se a volta e lá vão eles.Vira a direita e pensa em pegar uns pãezinhos na padaria, comprar uma revista e parar numa praça, o bebê vai tomar um solzinho enquanto mordisca um pãozinho e ela folheia sua revista.
Já na esquina, ela percebe que não dá mais pra seguir na calçada, quando não há burracos, há desníveis entre uma casa e outra, seriam necessários dois para descer ou subir o carrinho, resolve seguir pela rua, até porque já havia passado com a roda por cima de cocô de cachorro e não queria sujar calçadas alheias.
Na rua leva uma buzinada na orelha, o bebê chora e o motorista berra pra ela sair da rua, envergonhada segue até a padaria com o carrinho inclinado, metade na sarjeta, metade na rua. Na padaria, precisa de ajuda, não há rampa também lá. Suspira, e pensa na pracinha.
Pãozinho comprado e revista debaixo do braço, ela agora saí rumo a pracinha, é logo ali, só atravessar a avenida... só... Procurou uma faixa com sinal para que pudesse atravessar, isso a desviou uns 10 quarteirões, mas tudo bem, estava ali pra passear mesmo. Deu azar, e o sinal abriu com ela no meio da avenida, mais buzinada, ela corre e se espreme no canteiro entre as vias, fica lá, rezando pra dar tudo certo com o carrinho de esgueio. Sinal fecha, ela atravessa tranquilamente e ufa... chega a pracinha.
Agora é procurar um banco, uma sombrinha e relaxar, nem foi nada, com certeza valerá a pena. Banco quebrado, banco mijado, banco ocupado... o senhor que ocupa o banco percebe e se levanta, está "levemente" embriagado, a convida para dividir o banco com ele. Acuada, ela agradece e aperta o passo, o homem pragueja em nome de sei lá quem e volta a dormir.
A moça vê um táxi na rua, faz sinal, o motorista pára mas de cara feia, vai ter que descer do táxi pra ajudar com o carrinho. Assim seguem, direto pra casa. O menino come o pão no chão da sala vendo TV e ela lê sua revista no sofá, assim acba o passeio. Pena, dentro da sala não bate sol.
É possível sim que um dia a jovem mãe volte a tentar, é possível que tente por várias vezes, e que as vezes, consiga algum prazer. Mas é mais provável, que a jovem mãe envelheça a cada tentativa e que um dia não haja mais próxima vez.
A não mais jovem mãe então, uma mãe calejada, passa a colocar o menino no carro, segue até um shopping com uma praça de alimentação, barulhenta e fedida a fritura e mostra pra ele as luzes dos brinquedos dos flips. E na volta, depois de comprar tudo o que precisava num grande e frio hipermercado, se assusta, buzina e grita para uma jovem mãe:
-Sua louca!!! Saí com esse carrinho da rua!!!
E ainda brava, fala sozinha:
-Coitada, pensa que vai aonde?
2 comentários:
pô Alinem, assim vc não anima aquelas que pensam em ter filhotes....kkk
Uai, ter filhote é uma coisa, outra coisa é querer vencer as barreiras arquitetônicas piracicabanas, ou brasileiras, com um carrinho de bebê. Te aconselho a ter um filhote, mas não a querer desbravar o mundo de carrinho.
Beijo e saudade
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