Mensagem de ano novo de uma vitrine aqui em Mendoza. Perfeita! |
Se para 2009 escolhi a palavra travessia, para definir meu ano em 2010 a palavra foi desapego. Engraçado porque ela veio só por causa da coisa de maior apego da minha vida, o Pedro. Por causa dele, tive que abrir vários espaços. Espaços físicos, virtuais, emocionais... e, principalmente, espaço temporal. E em decorrência disso, tenho praticado a difícil arte do desapego.
As várias mudanças de casas (foram 4 em 2010!!!) e a abertura de espaço para o quarto do Pedro me fizeram eliminar muita coisa e também não querer juntar tanta tralha nunca mais. Coisas que achamos que um dia iríamos usar, ou que nos faria muita falta, mas que depois, longe de nossas vistas, nem são lembradas .
Como guardamos coisas pra cultuar o passado!!! Credo, até coisas que nos lembram coisas ruins guardamos. Pra quê? Apegos bobos. O que realmente importa do passado está em nossas recordações, e estas, nem a gente querendo, não sumirão facilmente. E quando sumirem, foi porque cedeu espaço pra coisa mais importante. Por isso, joguemos tudo fora!!!
Ah meu Deus!!! Que gostoso foi como dar um "reset" na minha vida. Mais leve e com menos peso pra carregar. Nem lembro do que joguei fora e nem pensei em nada que tenha me arrependido. Tudo o que vivi quero me lembrar no balancinho de uma rede, olhando para o nada... e não sentada no chão fuçando uma caixa embolorada cheia de papéis.
Não vejo a hora de voltar ao Brasil e pegar minha mudança, e reduzi-la ainda mais. Ai, me dá coceira saber que guardei tanta coisa, ainda que aqui não me fizeram falta nenhuma. Joguemos, vendamos, doemos, repartamos... o que seja, quero o menos possível.
Hoje, com o desapego em prática constante, porém não funcionando plenamente (ainda compro muitas tranqueiras), tento levar uma vida com menos coisas pra carregar, me ocupar ou me preocupar.Tenho um pacotinho precioso de quase 10 kilinhos que já me toma quase toda a força de meus braços e ocupa muito bem meu tempo e minha cabeça. Não quero ter mais do que uma gaveta de coisas essencias pra carregar e uma pequena mala de roupas, se tiver que fazer uma nova mudança.
Em 2010 eliminei muitas coisas. Peso eliminado que não fará falta nenhuma na incrível jornada que 2011 nos prepara! Tenho muito o que viver e aproveitar neste ano, não posso peder tempo com o peso do passado.
' Faço menos planos e cultivo menos recordações.
Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço.
Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve,
alcanço meus limites com as mãos,
é nele que me instalo e vivo com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais e não perco a fé por constatar o óbvio:
tudo é provisório,
inclusive NÓS! '
Martha Medeiros